DIANE DUMAS
Série Humains – Humanos
Títulos no sentido horário:
1. LE FEU DÉCIDERA (O Fogo Deciderá)
2. B.L.E.U. (A.z.u.l.)
3. NOUS SOMMES FAITS DE TERRE (Somos Feitos de Terra)
4. R.O.S.E (R.o.s.a.) (Humanos)
Crayons gel e stylo noir
Papel A3 - 42 x 29,7 cm
2021
Sem moldura
 
1. LE FEU DÉCIDERA (O Fogo Deciderá)
As tonalidades mais quentes que aparecem neste trabalho dialogam com o título proposto. Cabe lembrar que o fogo, na mitologia grega, por exemplo, é simbolicamente entendido como a luz da consciência, sendo roubado dos deuses pelo titã Prometeu, que o entregou aos seres humanos, sendo, por isso, condenado por Zeus a ter seu fígado, que diariamente se reconstruía, eternamente bicado por uma águia, até ser salvo por Hércules. Além disso, este trabalho de Diane Dumas, assim como a maioria de suas criações, pode ser visto em qualquer posição, o que dá ao observador autonomia de escolher a maneira que mais lhe agrada visualizar a obra. Dessa forma, o público torna-se, de alguma forma, partícipe, deixando uma postura passiva e se integrando ao conceito de que observar é alimentar e aumentar percepções de acordo com a situação proposta por um artista.
Oscar D’Ambrosio
 
2. B.L.E.U. (A.z.u.l.)
As formas orgânicas presentes na natureza são uma das matrizes da poética visual deste trabalho. As linhas curvas constroem sinuosidades, instaurando um espaço próprio. Surge assim uma espécie de teia ao centro da qual é posicionado uma figura mais retangular. A maneira de trabalhar o bidimensional sugere texturas nas laterais, que reforçam o desejo do observador de saber o que está na região delimitada por uma espécie de fascinante teia. O conjunto transmite uma fascinante inquietação em que as diversas áreas criadas pela artista visual estabelecem diversos tipos de conversa. O conjunto transmite um pulsar existencial que remete a uma mecânica visual em que cada dia – e, portanto, cada criação artística – seja melhor do que o anterior, no sentido de manter a motivação para enfrentar as dificuldades inerentes às jornadas artísticas e existenciais.
Oscar D’Ambrósio
 
3. NOUS SOMMES FAITS DE TERRE (Somos Feitos de Terra)
Este trabalho integra a série "Humanos" e traz uma forte conexão com elementos orgânicos, seja pelas formas apresentadas, que remetem a casulos, sementes ou outras dimensões da natureza que abriguem à vida, ou pela cor verde, que aponta não apenas para o aspecto realista do meio ambiente, mas também para o simbolismo de esperança associado a suas tonalidades. Na esfera do simbólico, a grande mãe de todos guarda em si o vigor da seiva do viver e a plenitude de possibilidades de um ventre imenso a cuidar de todos os seres. Os brancos e marrons também se fazem presentes nesse diálogo proposto entre tudo aquilo que nos liga de alguma forma desde os primórdios da existência. O conjunto da imagem constitui, dessa maneira, um libelo artístico e visual à preservação da vida em suas mais distintas manifestações.
Oscar D’Ambrosio
 
4. R.O.S.E (R.o.s.a.) 
O uso de cores como rosa, lilás e roxo são essenciais para a construção da atmosfera deste trabalho. Ligadas simbolicamente ao feminino ou à espiritualidade, de acordo com a referência que se consulte, têm em comum um mesmo sentimento de leveza. As formas remetem a casulos e embriões, ou seja, a elementos que contêm, dentro de si, vida. Há ainda a alusão permanente a círculos, cuja força visual é imensa enquanto indicadores de uma caminhada que pode ser libertadora. Afinal, assim como Buda se “iluminou”, cada indivíduo pode dar um salto transformador na própria existência, utilizando a sua experiência para auxiliar outros seres humanos a também atingirem uma metamorfose interna que pode contribuir para instaurar um universo melhor. Nessa jornada, a arte, como mostra esta imagem, tem um papel fundamental, pois estimula a ver o mundo sob novos e diferentes aspectos. 
Oscar D’Ambrosio